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quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Estação de São Bento (Porto)

Estação de São Bento (Porto)





Estação Ferroviária de São Bento, igualmente denominada de Estação de Porto-São Bento, e originalmente como Estação Central do Porto, é uma interface de caminhos de ferro, que serve a cidade do Porto, em Portugal; embora tenha entrado ao serviço no dia 7 de Novembro de 1896, só em 5 de Outubro de 1916 é que se deu a inauguração oficial.Está situada na Praça de Almeida Garret, na cidade do Porto, tendo o edifício da Estação, de influência francesa, sido delineado pelo arquitecto portuense José Marques da Silva.

Localização e acessos

A estação tem acesso pela Praça de Almeida Garret, no centro da cidade do Porto.
Vias, plataformas e classificação
Em 2004, detinha 8 vias de circulação, aonde se podiam efectuar manobras; esta interface dispunha, igualmente, de um serviço de informação ao público. Em 2011, o número de vias já tinha sido reduzido para 6, com comprimentos úteis entre os 100 e 167 metros; as gares, com uma extensão entre os 119 e 180 metros, tinham 90 centímetros de altura. Devido ao reduzido espaço disponível, as plataformas da estação vão até à entrada do túnel.
Painéis de azulejos
A Estação é célebre pelos seus painéis de azulejos, de temática histórica. Cobrindo uma superfície de cerca de 551 metros quadrados, representam, principalmente, cenas passadas no Norte do país, estando retratados, entre outras cenas, o Torneio de Arcos de Valdevez, a apresentação de Egas Moniz com os filhos ao Red Afonso VII de Leão e Castela, no Século XII, a entrada de D. João I e de D. Filipa de Lencastre no Porto, em 1387, e aConquista de Ceuta, em 1415; um friso colorido, no átrio, dedica-se à história dos transportes em Portugal, concluindo com a inauguração dos caminhos de ferro.[1] Foram instalados entre 1905 e 1906 pelo artista Jorge Colaço, que, nessa altura, se afirmava como o mais popular azulejador em Portugal

História

Convento de São Bento de Avé-Maria.

Antecedentes

Após a sua inauguração, a Estação do Campanhã tornou-se, desde logo, a principal interface do Porto, com um movimento de passageiros e mercadorias muito elevado; no entanto, situava-se demasiado longe do centro da cidade, pelo que se decidiu construir uma nova gare ferroviária, mais próxima do coração da urbe.
Construção e inauguração da estação provisória
O plano para o ramal entre a nova estação a ser construída e a rede ferroviária nacional, com o nome de Linha Urbana dos Caminhos de Ferro do Porto, foi apresentado na sessão da Câmara Municipal do Porto de 8 de Julho de 1887, pelos vereadores António Júlio Machado e José Maria Ferreira; em 18 de Janeiro de1888, o ministro das Obras Públicas, Emídio Navarro, autorizou a construção do ramal,através de uma portaria. Estabeleceu-se, nesta altura, que a estação, para se situar no centro da cidade, devia ser instalada junto à Praça de D. Pedro; assim, decidiu-se que deveria ser construída no local do Mosteiro de São Bento de Avé-Maria, do qual a estação recebeu a denominação. Aquele complexo, construído no Século XVI, foi danificado num incêndio em 1783, tendo sido, posteriormente reconstruído, mas encontrava-se em mau estado de conservação nos finais do Século XIX.
Em 4 de Fevereiro do mesmo ano, foi nomeada uma comissão para tratar das expropriações necessárias à construção da linha, tendo sido estabelecido que deveria ser construída e gerida pela divisão estatal dos Caminhos de Ferro de Minho e Douro, então dirigida pelo conselheiro Justino Teixeira.Em 5 de Novembro, uma portaria aprovou o plano e o orçamento e cadernos de encargos correspondentes, sendo a construção do ramal integrada na Empreitada D, que também incluía, desde logo, a instalação da Estação Central.[1]
Enquanto isso, começou-se também a planear a construção do edifício da estação, que deveria ser suficientemente grande para acolher confortavelmente os serviços de passageiros e recovagens, no espaço exíguo entre a praça, em frente, o terreno traseiro, de grande cota, e as ruas laterais, do Loureiro e da Madeira; em 29 de Julho de 1889, o Conselho Superior de Obras Públicas pronunciou-se pela primeira vez sobre os planos que já tinham sido elaborados para o edifício.
As obras do ramal iniciam-se em 1890, e são oficialmente concluídas pelo engenheiro responsável, Hippolyte de Baère, às 11 horas do dia 29 de Setembro de 1893. Para comemorar este acontecimento, o Centro Comercial do Porto colocou uma placa sobre uma das entradas do Túnel de São Bento, homenageando Emídio Navarro, Lobo de Ávila, Artur Campos Henriques e José Maria Ferreira. Em 14 de Maio de 1894, o Conselho Superior de Obras Públicas voltou a analisar os planos para a estação.
Inauguração da estação provisória de São Bento, em 1896.
No entanto, só no dia 7 de Novembro de 1896 é que se iniciou o tráfego ferroviário a partir da Estação Central do Porto, que nessa altura era constituída por 3 edifícios provisórios; o edifício da estação foi instalado num armazém que devia ter sido destinado às expedições de pequena velocidade, do lado da Rua da Madeira.Devido ao reduzido local em que se encontrava, e às elevadas cotas das ruas em redor, a estação teve de ficar com linhas de comprimento menor do que o desejável; aproveitou-se, assim, o espaço disponível ao máximo, tendo a estação ficado até à boca do túnel.
Construção e inauguração da estação definitiva
Painel de azulejos no interior da Estação, retratando o Infante D. Henrique na conquista de Ceuta.
Logo nos primeiros anos de serviço, as instalações provisórias da estação revelaram-se insuficientes para o movimento de passageiros e mercadorias, não se podendo realizar serviços no regime de pequena velocidade; assim, começou-se a planear a construção da estação definitiva.Em 6 de Dezembro de1897, o Conselho Superior de Obras Públicas consultou um plano para a estação definitiva, elaborado pelo arquitecto Marques da Silva; no ano seguinte, este documento começou a ser revisto, para se ajustar às instruções dos Caminhos de Ferro do Minho e Douro, que pretenderam colocar, no mesmo edifício, além dos serviços dos caminhos de ferro, também os telégrafos e correios.
A cerimónia do lançamento da primeira pedra foi realizada em 22 de Outubro de 1900, pelo rei D. Carlos e por D. Amélia de Orleães, no cunhal da Rua da Madeira; no entanto, as obras não puderam prosseguir, devido ao planeamento da estação ainda não ter sido concluído.
Em 1901, terminou-se a alteração ao plano original de Marques da Silva, sendo este novo documento datado de 20 de Agosto; o orçamento correspondente foi calculado em 258:377$700 réis.Para os correios e telégrafos, devia ser erigido um primeiro andar sobre os cais cobertos de mercadorias, do lado da Rua do Loureiro; a Inspecção-Geral dos Correios e Telegraphos aprovou este plano, mas criticou a falta de espaço disponível para o previsível desenvolvimento futuro destes serviços.
Em Julho de 1902, no entanto, o Conselho Superior de Obras Públicas voltou a examinar os planos, e decidiu que, devido ao previsível crescimento da cidade, e, correspondentemente, do movimento de passageiros e mercadorias, pelo que seria necessário dedicar todo o espaço disponível no interior da estação para os serviços ferroviários; por outro lado, e pelo mesmo motivo, também se previa um incremento na utilização dos serviços de correios e telégrafos, pelo que deviam ser colocados num outro edifício, deixando apenas um escritório no interior da estação, para o tráfego de última hora.Assim, um despacho ministerial de 4 de Agosto ordenou que fosse elaborado um novo plano para o edifício da estação, tendo em conta as modificações deliberadas.[8] O novo plano, datado de 12 de Março de 1903 e orçado em 191:965$000 réis, foi elaborado pelo arquitecto José Marques da Silva e dirigido pelo conselheiro Póvoas.
A principal modificação, em relação ao plano anterior, foi a remoção do primeiro andar sobre os cais de mercadorias, do lado da Rua do Loureiro, que estava destinado aos serviços de correios e telégrafos Assim, o plano apresentado contemplava um edifício central, de grandes dimensões, aonde iria ser instalado o vestíbulo, com 14 metros de largura; no interior do vestíbulo, deviam ser colocadas as bilheteiras.De cada lado do edifício central, deveriam ser construídos 2 anexos, cada um com primeiro andar; o anexo do lado da Rua da Madeira seria reservado, no piso térreo, à expedição de bagagens e recovagens à partida, e por um restaurante, enquanto que os escritórios da direcção deveriam ocupar o andar de cima. O pavilhão do lado da Rua do Loureiro albergaria, no piso térreo, os serviços de recepção das bagagens e recovagens, e uma estação de telégrafo postal, sendo o primeiro andar destinado a alojamentos para os funcionários. De cada lado das vias, alinhados com os dois anexos laterais, deviam estar 2 cais cobertos para mercadorias. A estação conteria 6 vias divididas por 3 plataformas; as 4 linhas centrais, organizadas em 2 pares separados por uma plataforma central, estavam destinadas aos serviços de passageiros, enquanto que as duas vias marginais, separadas das centrais por 2 plataformas, seriam utilizadas por composições de carga, estando, por isso, junto aos cais destinados às mercadorias. Um cais foi destinado especialmente para o transporte de peixe. Em frente do edifício, deveria estar uma escadaria para vencer as diferenças de nível em relação à praça, e uma rua para veículos, com uma rampa de acesso.
O novo plano foi revisto pelo Conselho Superior de Obras Públicas em 14 de Maio, e aprovado por uma portaria de 16 de Maio, embora tenham sido pedidas algumas alterações na fachada, de forma a oferecer mais sobriedade, sem alterar a distribuição dos vãos. A companhia dos Caminhos de Ferro do Estado considerou a construção desta estação como um dos empreendimentos prioritários.
Em Abril de 1902, já se tinham iniciado as obras dos muros de suporte e guarda, junto à Rua do Loureiro, devido à aprovação de uma nova matriz, proposta pelo director dos Caminhos de Ferro do Minho e Douro. Em 20 de Agosto, as instalações para os serviços de passageiros e bagagens foram colocadas nos antigos barracões da Estação.
No final do mesmo ano, um grupo de comerciantes e proprietários da cidade do Porto, entregou uma proposta para a Estação, e disponibilizou-se para a sua construção. Pouco depois, foi apresentada outra proposta, da Sociedade Construtora, constituída por Francisco Azevedo, Thomaz Dias e Isidoro Campos, que previa uma duração de 2 anos para a obra.
Em Fevereiro de 1903, previa-se que a segunda via até Campanhã fosse instalada em poucos meses, faltando, nessa altura, concluir a última empreitada de terraplanagens da estação;em Novembro, a plataforma para o edifício da estação já tinha sido instalada, tendo a construção do edifício em si sido iniciada em 9 de Novembro.
No dia 10 de Janeiro de 1906, a ornamentação do vestíbulo, incluindo a instalação de painéis de azulejos, foi contratada ao artista Jorge Colaço.
Em 5 de Outubro de 1916, foi inaugurado o edifício definitivo da Estação de São Bento.
Remodelação do edifício
Em 1968, o edifício encontrava-se em obras de remodelação interior e expansão, no âmbito da electrificação do ramal, prevendo-se, nessa altura, a instalação de um restaurante, e novas bilheteiras e salas de espera; no átrio, seria instalado um sistema de luz indirecta, de forma a melhor realçar os painéis de azulejos, e de uma placa para a identificação dos mesmos.
Século XXI
Em 16 de Julho de 2010, iniciaram-se obras de restauro e conservação dos azulejos, da responsabilidade da REFER e do IGESPAR, que foram terminados em 9 de Maio de 2011.
Em Agosto de 2011, foi eleita pela revista Travel + Leisure como sendo a 10ª mais bela estação do mundo (sendo a única estação portuguesa incluída na lista, se se excluir a da Maputo, em 3ª posição)

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